Sinopse: O neoliberalismo tornou-se o modo de vida dominante no mundo ocidental ocupando o lugar de uma verdadeira religião capitalista. A ideologia neoliberal, por uma estrutura interna à sua lógica, desarticula o laço social desde sua base: esfacela o laço que nos une ao próximo, transforma problemas Ãticos em questões de gestão empresarial, destrói a fà nos ideais, incita os sujeitos a uma economia de gozo manÃaca e criminaliza a polÃtica e os movimentos sociais. Ao sujeito do neoliberalismo resta uma saÃda: a palmatória tirÃnica e desumana do Mercado. Uma versão contemporÃnea do Grande Irmão, como um Outro persecutório que tudo sabe e que a todos ordena gozar. Entretanto, numa realidade como esta, o psicanalista não deve sentir a obrigação de explicar tudo. Talvez a maior contribuição do psicanalista seja não explicar, mas abrir novas e velhas questões. à preciso presentificar o Real, não para ser sabido, mas por que ele à o único dique capaz de conter o idealismo. Amar a Falta, à o conselho de Lacan aos analistas. Para ele, a psicanálise podia arejar a atmosfera sufocante da sociedade capitalista. A tarefa do psicanalista à de sustentar âo poder do impossÃvelâ, pois à isso que o capitalismo e a ideologia neoliberal não toleram. Neste sentido, o discurso do analista toma uma dimensão polÃtica desconcertante para aqueles que ainda acreditam que a posição do analista deva ser neutra ou isenta. Ao presentificar o Real como causa, o discurso do analista à o único discurso que pode fazer frente a sedução do capitalismo e ao onipotente saber da tecnociência.
