O cenário quotidiano, no qual a tipografia desempenha o seu papel chave é invisível, permanece oculto enquanto a informação se transmite de forma eficaz.
Embora tradicionalmente estivesse associada ao design e às indústrias gráficas, a generalização do acesso à tecnologia digital fez com que o termo 'tipografia' tenha deixado de se restringir ao labor do tipógrafo e se utilize cada vez mais para designar o trabalho de organização de um material escrito. Agora, qualquer indivíduo pode ser tipógrafo.
Mas, se por um lado as convenções básicas da tipografia se aprendem na escola, não acontece o mesmo com os princípios elementares da linguagem visual, e a maioria daqueles que se deparam pela primeira vez com a tarefa de desenhar um poster ou um folheto descobre (em geral com surpresa) que nem eles próprios nem o seu computador são capazes de transmitir a mensagem tal e como pretendiam.
O que é a tipografia? apresenta as estruturas formais desta disciplina que facilitam o acesso à informação, as suas ferramentas, métodos e mecânica; analisa os distintos suportes existentes e os processos de reprodução consequentes e conclui com a análise da obra de um ecléctico grupo de tipógrafos que demonstra a amplitude, riqueza e qualidade do design tipográfico na actualidade.
Texto do prefácio: Prefácio Descobri um catálogo de uma exposição, realizada em 1964-1965 no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, que me deixou intrigado. O título do catálogo é Arquitecture without Architects. Na introdução, escrita por Bernard Rudofsky, criticava-se a visão convencional da arquitectura que nos apresenta um cortejo aparatoso de arquitectura formal. A forma discriminadora como o historiador a aborda é igualmente parcial no plano social [...] quase cingindo-se a um rol (quem é quem) dos arquitectos que celebram o poder e a riqueza [...] sempre sem qualquer menção à arquitectura de origens humildes. Esta é tão pouco conhecida que nem sequer dispomos de um nome para a designar, mas podemos denominá-la de vernácula, anónima, espontânea, indígena, rural, conforme os casos. A beleza das habitações proveio directamente dos materiais naturais, de origem local, que foram utilizados com um mínimo de intervenção. A tecnologia digital alterou a natureza da tipografia ao torná-la uma prática que quase faz parte do quotidiano de toda a gente. O facto de a maioria das pessoas, que fazem uso da tipografia (quer a nível profissional quer a nível recreativo), não terem ne-nhum conhecimento formal do que estão a fazer não lhe retira significado nem valor. Pelo contrário. Desde tempos imemoriais, trabalhadores, serviços de urgência, empresas, amantes e vândalos confeccionam, por necessidade, sinalização e imagens improvisadas. Material deste tipo está presente em todo o lado e, dado que o título deste livro formula a pergunta o que é a tipografia?, aproveitei a oportunidade para explorar os elementos em comum, os aspectos formal e informal, entre a tipografia produzida pelos tipógrafos e a tipografia produzida sem tipógrafos. Copyright dos textos: os autores Copyright da presente ediçao: Editorial Gustavo Gili SL
